Brasil destrincharam os duelos principais do UFC 129, que acontece neste sábado, entre Georges St. Pierre x Jake Shields, válido pelo cinturão dos meio-médios, e José Aldo x Mark Hominick, batalha que vale o título dos pesos penas, além da super luta entre os ex-campeões Lyoto Machida e Randy Couture.
Georges St. Pierre x Jake Shields:
Dono do cinturão dos meio-médios (até 77kg) e frequentemente nas partes mais altas dos rankings mais importantes do mundo, o canadense Georges St. Pierre enfrenta o norte-americano Jake Shields na luta principal do UFC 129, que acontece sábado, em Toronto, no Canadá.
Shields fará apenas a segunda apresentação no Ultimate e já disputará o título. O currículo é credenciado pela invencibilidade de 15 combates e títulos em outras organizações, como o Strikeforce. Abaixo, destacamos alguns tópicos que podem fazer a diferença na disputa.
Talentos:
GSP tem se especializado em táticas que neutralizam características de cada adversário. As duas últimas vitórias no UFC foram prova clara disso. Contra a base striker de Dan Hardy, abusou das quedas e ground and pound. Frente à bagagem wrestler de Josh Koscheck priorizou o trabalho em pé, acertou mais de 30 jabs e golpes contundentes.
O jogo especializado em grappling de Jake Shields é menos versátil. Mas a técnica acima da média nos clinches e os single-legs são cartas na manga frequentes. A combinação das quedas com finalizações apuradas - ele é faixa-preta em Jiu-Jitsu - compõem a base sólida de luta.
GSP 9 x 8 Shields
Batalha da regularidade:
St. Pierre passou maus bocados quando foi nocauteado para Matt Serra, no UFC 67 (2007), umas das maiores ‘zebras' da história. A partir daí, reviu conceitos, deu o troco no indigesto adversário três edições depois, recuperou a cinta e nunca mais perdeu um round sequer.
É considerado 'amarrão' por muitos, mas sabe usar o fator regularidade para intimidar oponentes na teoria e não correr riscos na prática. Está invicto há oito lutas.
Shields também tem méritos de sobra neste quesito. Além do Strikeforce, construiu a sólida carreira em eventos como EliteXC, Shooto e Rumble On The Rock. Está há exatos seis anos e 15 lutas sem saber o que é perder.
GSP 9 x 9 Shields
Últimas impressões:
GSP enfrentou Josh Koscheck no UFC 124 (dezembro de 2010), venceu com sobras, reforçou ainda mais o moral e atestou outra vez o nome como um dos lutadores mais completos do MMA moderno.
Shields estreou pelo Ultimate na edição 121 (outubro), em disputa sonolenta contra o dinamarquês Martin Kampmann. Visivelmente debilitado pelas dificuldades de perder peso (atuava geralmente nos médios, até 84kg), venceu o oponente na decisão dividida. Mas pouco antes, ainda no Strikeforce, atropelou a trinca de pedreiras Robbie Lawler, Jason Miller e Dan Henderson.
GSP 9 x 7 Shields
Panela de pressão:
O UFC 129 será realizado no Canadá, para o maior público da história do evento: 55 mil expectadores. Ídolo local e grande impulsionador da modalidade no país, GSP vai ter a imensa torcida 100% a seu favor.
Jake Shields vai na contramão. Mesmo experiente e com bagagem de sobra, terá de manter o sangue frio o tempo todo para tentar calar a imensa massa de fanáticos e impor seu jogo contra um dos mais renomados campeões do esporte. Pedreira pouca é bobagem.
GSP 9 x 7 Shields
Respaldo:
Dana White considera GSP o lutador mais atlético e versátil do esporte e sempre aproveita o bom-mocismo do canadense para utilizá-lo como um tipo de garoto-propaganda do MMA moderno.
O chefão também não descansou enquanto não conseguiu o passe de Shields com o Strikeforce em 2010 (antes de adquirir os direitos da marca). As apresentações regulares do atleta foram mais que suficentes para passar pelo crivo sempre intenso do chefão do Ultimate e colocá-lo na disputa pelo cinturão em curto período de tempo.
GSP 9 x 8 Shields
José Aldo x Mark Hominick:
Eleito melhor lutador de 2010 no MMA Awards, ex-campeão dos penas (até 66kg) do WEC e atual do UFC (fato conquistado após a fusão das duas siglas, em 2010), o brasileiro José Aldo Junior finalmente estreará pelo Ultimate na edição 129 (30 de abril) e defenderá o título contra o canadense Mark Hominick. O primeiro compromisso, agendado para janeiro deste ano (UFC 125), teve de ser adiado por causa de lesão na coluna vertebral que o obrigou a passar por intenso tratamento de recuperação.
Considerado azarão no compromisso, Hominick espera acabar com o favoritismo do brasileiro e provar que não será mero coadjuvante dentro de casa. Abaixo, destacamos alguns tópicos que podem fazer a diferença no compromisso.
Soco x Chute:
Aldo é um dos chutadores mais demolidores do esporte. Os lowkicks (golpes nas pernas) e joelhadas não são usados apenas para medir distâncias ou garantir vantagens, mas sim para minar o oponente com potência máxima, tática bastante utilizada nas artes marciais em pé, como caratê de contato e kickboxing.
Mark Hominick tem no boxe o carro-chefe. O destaque é a velocidade de golpes. Gosta de lutar na média distância e muitas vezes opta em esgrimir com jabs e diretos. Mas prefere mesmo golpes de carga, como cruzados e uppercuts (socos debaixo para cima) usados em sequência e de ângulos diversos.
Aldo 9 x 8 Hominick
Chão objetivo e subjetivo:
Faixa-preta de jiu-jitsu, o estilo de solo de Aldo provavelmente ainda não passou por teste de fogo em sua carreira no MMA. Mas nas oportunidades em que precisou, mostrou que mantém a agressividade característica também neste aspecto. Gosta de atuar na meia-guarda, onde arruma espaço para seguir no ataque.
Hominick também demonstrou boas habilidades, principalmente por baixo. O padrão mais defensivo consegue reverter desvantagens com triângulos (estrangulamento com as pernas) e chaves de braço bem treinadas.
Aldo 8 x 8 Hominick
Táticas e técnicas:
O brasileiro já alcançou o ponto de fazer exatamente o que o córner pede, fator sempre complexo de ser levado à risca em combates importantes. O sentido de equipe (Aldo representa a Nova União, do Rio de Janeiro) e obediência tática é bastante sólido e preza em manter a estratégia básica montada durante os treinamentos com seriedade máxima.
Neste sentido, Hominick ainda é mais raça e coração. O canadense é agressivo, espontâneo e afirmou saber como derrotar Aldo por ter decifrado todos os detalhes de seu estilo ‘pensado’.
Aldo 9 x 7 Hominick
Credenciais:
Tudo bem que muitas vezes este quesito pouco importa. Mas a diferença é gritante. Aldo foi campeão incontestável na época do WEC, entra no UFC credenciado como campeão e também foi eleito o melhor lutador do ano em 2010, no disputado MMA Awards, maior premiação mundial da modalidade.
Hominick tem experiência de 20 combates na carreira e já passou por diversas organizações, mas ainda está na luta para alcançar algum título de grande expressão.
Aldo 9 x 7 Hominick
Em massa:
Muita coisa aqui pode pesar desfavoravelmente a José Aldo, mesmo de forma indireta. A ansiosa estreia pelo UFC (adiada em janeiro por causa da lesão na coluna) vai ser frente ao maior público já registrado na história do evento: 55 mil pessoas. Soma-se aí o fato de o amazonesne enfrentar um atleta local dentro da casa do adversário.
Mesmo distante de ser reconhecido como ídolo, Hominick contará com a torcida toda a favor. Além disso, o canadense já experimentou o gosto de lutar pelo Ultimate: atuou pelo evento duas vezes em 2006 e uma no começo deste ano, após a fusão com o WEC (de onde veio).
Aldo 8 x 9 Hominick
Lyoto Machida x Randy Couture:
Ex-campeão dos meio-pesados (até 93kg), o carateca baiano/paraense confia na vitória para literalmente salvar o pescoço após duas derrotas consecutivas e também voltar à trilha do título. Integrante do Hall da Fama do Ultimate, Couture, 47 anos, ainda compete entre os melhores por puro idealismo.
Inovações:
O brasileiro ficou conhecido por remexer o panorama do MMA com estilo de movimentação evasiva e baseado em contragolpes. Considerada morosa por muitos no começo, a tática se credenciou gradativamente após vitórias convincentes contra grandes expoentes do evento e o credenciou como o atleta menos atingido do UFC.
Menos técnico, o padrão de Couture também causou rebuliço anos atrás. Foi um dos pioneiros a usar com eficiência o ground and pound (ataques com o adversário caído), além de usar a grade do octógono como elemento-extra para prensar o oponente e usar o dirty boxing (socos e cotoveladas no clinch).
Machida 9 x 9 Couture
Guerra de objetivos:
Lyoto aposta todas as fichas na vitória contra a lenda do Tio Sam para aliviar a verdadeira ‘panela de pressão’ instaurada após a perda precoce do cinturão para Shogun (UFC 113, maio de 2010) e o revés seguinte para Rampage (UFC 123, novembro), que levantou de vez a desconfiança de Dana White sobre o futuro do carateca no Ultimate.
Do outro lado, o veterano lutador 14 anos mais velho que o adversário revelou claramente não ter mais qualquer pretensão de título. Ele se mantém na ativa em alto nível para conhecer os próprios limites e prosseguir com o ‘vício’ de se sentir competitivo, mesmo perto dos 50 anos.
Machida 8 x 7 Couture
Caratê x Wrestling:
A colisão de estilos, pouco comum no MMA, traz retrospecto positivo ao brasileiro. Durante a carreira, frente a outros oponentes com habilidades sólidas na modalidade, venceu Tito Ortiz, Rashad Evans e David Heath, além de perder para Quinton Rampage Jackson.
Mesmo sem nunca ter enfrentado atletas com as características de Machida, o estilo mais rudimentar de ‘derrubar, permanecer na meia-guarda e golpear’ de Couture já provou em diversas oportunidades que funciona perfeitamente contra strikers bem treinados.
Machida 9 x 8 Couture
Segredos e revelações:
Como ganhou ares excêntricos pela técnica inusitada, Machida guarda o mistério sobre táticas e estratégias ao máximo. É provavelmente o atleta mais estudado do esporte, e revelou que a cada desafio traça três planos diferentes para serem usados de acordo com o andamento do combate.
Couture vai no sentido contrário: já declarou publicamente que não mudará praticamente nada da fórmula. Assim, mais uma vez tentará encurralar o adversário para aplicar golpes e quedas característicos.
Machida 9 x 7 Couture
Vivência:
Ambos são atletas experientes, mas a carreira mais extensa de Couture passou por todos os altos e baixos imagináveis, o que proporciona bagagem de sobra para se livrar de qualquer tipo de enrosco no octógono.
Lyoto tinha sequência irrepreensível e invicta há 16 combates até perder por nocaute para Maurício Shogun, no UFC 113. Depois, somou novo revés contra Rampage (UFC 123), pareceu ter sentido a pressão pela perda do título e estava mais perdido taticamente.
Machida 7 x 8 Couture
Fonte: Revista Tatame
Link: www.tatame.com.br/2011/04/29/Raio-X-das-disputas-de-cinturao-do-UFC-129
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