A técnica é uma conquista do homem, pois representa o domínio da inteligência sobre as coisas. (Juscelino Kubitschek)
A técnica, sob a ótica do treinamento desportivo, segundo Dantas é: “O conjunto de procedimentos e conhecimentos capazes de propiciar a execução de uma atividade específica, de complexidade variável, com o mínimo de desgaste e o máximo de sucesso”.
Como citado anteriormente, este livro surgiu da idéia de democratizar informações referentes à preparação física de atletas de Jiu-Jítsu, Submission Wrestling, Grappling e MMA, pois existe quase um consenso entre os atletas, especialmente os que contribuíram para esta obra (veja as entrevistas no Capítulo IX) que a preparação física é, atualmente, o grande diferencial entre atletas de elite e não elite; campeões e não campeões. Contraditoriamente, no estudo realizado com 68 atletas de Jiu-Jítsu (faixas marrom e preta) participantes do Campeonato Estadual de Jiu-Jítsu de 2004 (Rio de Janeiro), os atletas opinaram que, para ser um campeão, os aspectos psicológicos (concentração, motivação, entre outros) eram os mais importantes. Em seguida, apontaram os aspectos técnico-táticos e, logo após, os aspectos da preparação física (força, potência, entre outros).
Já em estudos prévios realizados com lutadores de Judô de alto nível competitivo foi observado que não há diferenças significantes na aptidão física dos judocas titulares e reservas da seleção brasileira, para nenhuma das variáveis analisadas. Assim, pode ser que o componente técnico-tático seja muito mais importante que o físico, quando os competidores já estão no alto nível de rendimento. Aparentemente esta indicação é verdadeira, pelo menos no Judô, no qual destacamos duas evidências:
- Há diferença na quantidade de golpes e na direção que as técnicas são aplicadas entre judocas de nível regional de diferentes graduações: enquanto atletas juniores faixas marrom projetam, em média, para 2 direções diferentes (2,6±1,1), os seniores faixas preta o fazem para 3 (3,3±0,9), desse modo, conseguem projetar os adversários em gama mais elevada de movimentação;
- Entre competidores de alto nível, todos participantes de campeonatos mundiais e jogos olímpicos, observou-se que os de “superelite”, melhores em cada categoria de peso (conquistando o primeiro lugar), apresentam maior número de golpes que geram pontuação e em direções mais variadas que os de elite, os quais tiveram pódio, mas de segundo e terceiro lugares.
A preparação técnica, segundo Tubino & Moreira, é: “O treinamento dos fundamentos técnicos individuais, acrescidos de seqüências ensaiadas, tudo com o sentido de enfrentar a competição com recursos técnicos suficientes para o alcance do êxito nos objetivos formulados”. Segundo o russo Matveev, a preparação técnica deve ter três propósitos básicos:
- Ampliação e assimilação da teoria da modalidade em treinamento;
- Ampliação da quantidade de destrezas e hábitos motores favoráveis para o aperfeiçoamento da modalidade escolhida;
- Aperfeiçoamento dos gestos esportivos específicos da modalidade em questão.
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